Esta carta de intenção faz parte do trabalho desenvolvido na EMEI Dona Ana Rosa de Araújo, a qual nos proporciona revisitar, acompanhar, refletir e evoluir em nossas intenções cotidianas, sendo este, mais um apoio para construção de um trabalho de qualidade com nossos alunos.

Meu nome é Sandra Miranda de Oliveira Silva, professora de Educação Infantil e Fundamental I. Atualmente realizo meu trabalho com o Infantil I no período intermediário, duas turmas distintas – 5A (manhã) e 5D (tarde).

Para muitas famílias é a primeira vez que seu filho/a frequenta uma escola; a separação dos pais é um grande desafio, e a adaptação é um processo vivido por todos. Pensando sobre este momento, coloquei como sendo o principal propósito para o 1º bimestre a adaptação dos alunos, tendo como direção a construção da rotina escolar, a apropriação de espaços e, principalmente, o estabelecimento de vínculos.

Algumas crianças, bem como os pais, levam mais tempo para se adaptar a essa “separação”, mas isso é necessário, pois a escola é o primeiro espaço em que a criança tem a oportunidade de se expressar com autonomia. Conforme o Currículo da Cidade, pág. 23, 1º parágrafo: “ A escola é um lugar onde se aprende a conduzir a existência,….Na Educação Infantil, os espaços possibilitam o exercício da ação coletiva e da autonomia dos bebês e das crianças nas suas investigações, isto é, na sua descoberta de si e dos outros e no conhecimento do mundo.”

Construir a rotina escolar junto com os alunos diariamente é uma ação que ajuda a estabelecer o vínculo dos alunos com a professora, pois eles se organizam pelas atividades que vamos realizando ao longo do dia, e vendo aquilo acontecer eles começam a ter noção de tempo e sabem que logo chegará o momento de encontrar a família novamente. Isto traz segurança e organização ao aluno e professora.

Também faz parte do meu acolhimento a escuta ativa, apesar da correria e da necessidade de tantas crianças, quando paramos e damos voz ao escutar de verdade a necessidade da criança, ela se sente importante e atuante em sua existência e conseguimos criar vínculos ao fazer os pequenos se sentirem importantes, autônomos e ouvidos.

Essa adaptação e acolhimento são meus desafios primeiros!  Quando eles estiverem estabelecidos em nossa rotina os projetos seguintes fluirão com mais tranquilidade.

Além das intenções traçadas por mim no 1º bimestre, temos no horário intermediário, os projetos Alimentação, Higiene bucal e Musicalização. Os momentos pré-estabelecidos e vividos aqui são orientados por uma rotina que propõe a participação, que se pauta em combinados e situa a criança no tempo e no espaço.

Com projeto Alimentação pretendo apresentar aos alunos os grupos de alimentos: Construtores, energéticos e reguladores e levar conhecimento e informação sobre os alimentos com a intenção de influenciar positivamente na formação de hábitos alimentares, sem deixar de falar que o excesso alimentar também é prejudicial à nossa saúde.

Dentro do Projeto Alimentação pretendo desenvolver o contato com a natureza através do plantio em horta, tendo a oportunidade de conhecer melhor os alimentos e unir à alimentação saudável. Assim os alunos terão a oportunidade de conhecer melhor os alimentos e experimentá-los em nossa cozinha experimental através de receitas desenvolvidas por eles.

Após o almoço chega o momento da higiene bucal, que já se encontra em desenvolvimento, algumas crianças relutam em escovar os dentes dizendo que já fizeram em casa. Paramos o que estamos fazendo e conversamos sobre a necessidade de limpar os dentes. Muitos comentam de conhecidos e familiares que perderam os dentes ou têm “dentes pretos”. Eles já sabem sobre a necessidade de cuidar da higiene bucal, mas muitos têm preguiça, o que se pretende com este projeto é criar o hábito e a independência para um momento tão importante de nossa saúde. Pretendo construir com os alunos uma imitação da boca com os dentes, utilizando material reciclável, e recriar com massinha, frutas ou outros alimentos a sujeira no dente e suas consequências quando não fazemos a higiene bucal e sua influência em nossa saúde.

Já no Projeto Música, que acontece 3ª e 5ª feiras no período matutino e 4ª e 6ª feiras no período vespertino, é o momento onde todas as crianças se reúnem para encontrar seu espaço, sua autonomia e estabelecer relação entre o “mundo” (o qual acabou de se formar neste exato momento) e as pessoas que os cercam. A coletividade deste momento e a participação das crianças são organizadas para que todos participem das vivências oferecidas. As crianças são convidadas a escolherem as músicas e a atividade de corpo e movimento ganham um momento especial e lúdico. Aproveitamos este momento para trabalhar cantigas regionais, de roda e canções populares que permeiam o imaginário da criança.

Também em sala, a música faz parte da rotina dos meus alunos. De forma geral, as crianças respondem bem ao estímulo musical e segundo a pedagoga Maria Lúcia Cruz Suzigan, especialista no ensino de músicas para crianças:

“ Realizar esse tipo de trabalho ajuda a melhorar a sensibilidade das crianças, a capacidade de concentração e a memória, trazendo benefícios ao processo de alfabetização e ao raciocínio matemático. “A música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como a escrita e a oral. É como se tornássemos o nosso ‘hardware’ mais poderoso”.  (Texto retirado em 07/03/2020; https://novaescola.org.br/conteudo/131/musica-contribui-para-o-desenvolvimento-infantil)

A música desenvolve noção espacial, ritmo, concentração, memória e principalmente a diversão. As crianças adoram as músicas que contam histórias e que podemos simbolizar com gestos corporais ou das mãos. A música tem sido meu suporte de trabalho em vários momentos, nas brincadeiras, no relaxamento, em comandos de atividades e outras situações em que os alunos são protagonistas naquele instante.

Espero chegar ao 2º bimestre com a turma envolvida em nossa rotina e feliz ao chegar à escola.

 Profa. Sandra Miranda